O poder muda a pessoa release_ilzxyt4i55h5phweo7zhzqepgm

by Raymundo De Lima

Released as a article-journal .

Abstract

O poder torna as pessoas estúpidas e muito poder, torna-as estupidíssimas. (R. Kurz) O psicanalista J. Lacan 1 observou que a partir do momento em que alguém se vê "rei", ele muda sua personalidade. Um cidadão qualquer quando sobe ao poder 2 altera seu psiquismo. Seu olhar sobre os outros será diferente; admita ou não ele olhará "de cima" os seus "governados", os "comandados", os "coordenados", enfim, os demais. Estar no poder, diz Lacan, "dá um sentido interiormente diferente às suas paixões, aos seus desígnios, à sua estupidez mesmo". Pelo simples fato de agora ser "rei", tudo deverá girar em função do que representa a realeza. Também os "comandados" são levados pelas circunstâncias a vê-lo como o "rei do pedaço". La Boétie 3 parecia indignado em perceber o quanto o lugar simbólico de * RAYMUNDO DE LIMA é psicanalista e professor da UEM 1 Jacques Lacan, psicanalista francês, que propôs o retorno à leitura da obra de S. Freud. Cf.: Seminário 1. Ed. Zahar, 1979, p. 318. 2 Max Weber define que o "poder é toda chance, seja ela qual for de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contar a relutância dos outros". Para M. Foucault, nas duas obras, Vigiar e Punir e Microfísica do poder, faz uma genealogia do poder. Constata que o poder se exerce na sociedade não apenas através do Estado e das autoridades formalmente constituídas, mas de maneiras as mais diversas, em uma multiplicidade de sentidos, em níveis distintos e variados, muitas vezes sem nos darmos conta disso. 3 Etienne La Boétie, filósofo francês, autor do Discurso da Servidão Voluntária. Cf.: Brasiliense, 1982. poder faz o populacho se oferecer a uma certa "servidão voluntária". Bourdieu chama-nos atenção para a força que o símbolo exerce sobre os indivíduos e grupos. Antes de ocupá-lo, o poder atrai e fascina; depois de ocupado tende a colar a alguns como se lhes fossem eternos. Aí está a diferença entre um Fidel Castro e um Nelson Mandela. O primeiro e a maioria dos ditadores pretendem se eternizar no poder, o segundo, mais sábio, toma-o como transitório, evitando ser possuído pelo próprio. ("Possuído", sim, pois o poder tem algo de diabólico, que tenta, que corrompe, etc). Uma vez no poder, o sujeito precisará de personas (máscaras) e molduras de sobrevivência. A persona serve para enganar a si e aos outros. A moldura, é algo necessário para delimitar
In text/plain format

Archived Files and Locations

application/pdf  142.0 kB
file_2vmwo3niyvahvediooxwt75kri
web.archive.org (webarchive)
www.periodicos.uem.br (web)
Read Archived PDF
Preserved and Accessible
Type  article-journal
Stage   unknown
Work Entity
access all versions, variants, and formats of this works (eg, pre-prints)
Catalog Record
Revision: 790f1599-0f85-411f-b527-7da8dceca796
API URL: JSON